terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Entrevista a W.A.K.O.

W.A.K.O no MySpace

Para começar, e para quem ainda não vos conhece, quem são os W.A.K.O.?

Os Wako são uma banda portuguesa que pratica Metal com vertentes acentuadas Death/Trash desde sensivelmente 2002 onde um grupo de amigos se reuniu com os mesmos ideais musicais formando até hoje o seu próprio caminho no universo musical que nos rodeia.

«We Are Killing Ourselves»... a quem se referem? A vós próprios? Eu pessoalmente interpreto como sendo a própria humanidade, porque de facto para aí caminhamos. Qual é a ideia básica do nome?

We Are Killing Ourselves é uma referência geral aos actos e pensamentos que se reflectem no dia-a-dia em cada um de nós, este nome aborda a componente drástica em massa, dum modo geral acho que é uma frase que vive alojada no nosso subconsciente que para alguns poderá ter um sentido “holocáustico”. Poderei dizer que para aí caminhamos também duma perspectiva individualista.

Vocês têm um álbum de estreia do qual se podem orgulhar. Estão orgulhosos? Mudariam alguma coisa? Como foi trabalhar com o Daniel Cardoso? Tal como os próprios W.A.K.O., vejo-o como um novo fôlego para a cena nacional, não acham?

Sim estamos muito orgulhosos, não mudávamos nada. Trabalhar com o Daniel foi uma experiência bastante positiva, ele é muito criativo e profissional foi uma temporada muito produtiva. Quanto a sermos um novo fôlego é difícil responder pois para isso teria de ter uma perspectiva exterior à banda, poderei apenas acrescentar que temos tido um público exigente que nos absorve cada vez mais e nós tentamos sempre estar à altura desse desafio.

Contam com a presença de alguns convidados. Falem-nos disso. Um dos convidados é o Rui Duarte dos Ramp. Qual a vossa relação com a música dos Ramp, como os vêem na cena portuguesa?

Bem, o Daniel faz um solo na My Misery que surgiu sem ter sido ensaiado foi um rasgo de inspiração momentânea durante a fase gravação da faixa foi um “go with the flow" hehe e o resultado ficou interessante. E tivemos também o Rui Duarte que pertence aos Ramp uma das bandas pioneiras no nosso país dentro do género e uma grande referência para nós, auferem de um passado muito honroso na história do nosso metal daí o nosso convite.

Recentemente um tema vosso fez parte do CD que acompanha a revista Terrorizer - «The Abyss». Como surgiu a oportunidade? Sendo que é uma revista bastante procurada, sentem já algum feedback?

Sim sentimos algum feedback é um processo natural pois é uma revista que tem uma tiragem de cerca de 90 mil exemplares mensais e que abrange muitos países é muita gente a ouvir e a ler é natural que exista um acréscimo de curiosidade e procura do nosso trabalho. Felizmente começa a ser hábito esta injecção de exposição pois já participámos também na Kerrang!, Tuned Magazine e tem sido um óptima maneira dar a conhecer os WAKO visto que o feedback que temos tido de todos os cantos do Mundo é deveras gratificante .

Para quando um próximo trabalho? Já há algum tema pronto?

Provavelmente sairá em finais de 2008 ou princípios de 2009 mas nada é absoluto, sim existe alguns esboços do que está para vir, estamos a conjugar ideias a juntar alguns rascunhos e a começar a pôr a fase de composição em marcha.

Façam-nos uma descrição do vosso ambiente de ensaio/composição, de como se processa tudo isso. Chamam nomes uns aos outros, chegam a um consenso através de um jogo de cartas...como é que é?

É um processo de amor/ódio que temos uns pelos outros hehehe. Não temos o hábito de ter prazos horas ou dias para “construir” um tema, vamos buscar à raiz de cada um aquilo que lhe apetece fazer, existe ensaios que simplesmente bebemos um bom bourbon e tocamos blues de Robert Johnson , e existem outros que quando saímos da sala de ensaio pensamos que estivemos lá uma hora e estivemos 10, nas vezes que a inspiração nos toca à porta e é como se algo incessante não nos deixasse parar e é nesses que acabam por sair o que aproveitamos para gravar. Quase todos temos mini estúdios em casa e também por lá se exploram algumas ideias.

Falem-nos de algo que detestam, e de algo que adoram.

Penso que talvez aquilo que mais nos afecta é por vezes quando os interesses da Indústria Musical se fundem com os da liberdade criativa. O que mais adoramos é desde sempre de estar com quem nos absorve e de quem nos estende o punho para o céu sempre que tocamos e soltamos a energia de WAKO.

Embora não tenha tido ainda o privilégio de vos ver ao vivo, tenho ouvido falar muito bem dessas actuações. Como têm corrido? Algum concerto de que guardem especial recordação?

Têm corrido muito bem, temos tido uma aderência fenomenal ficamos realmente rendidos quando existe muita gente que percorre largos Kms para nos ver é de facto um prazer e muito gratificante, é como que uma injecção de inspiração. Penso que de uma maneira geral todos têm o seu ponto especial.

Provavelmente já vos aconteceram algumas situações engraçadas ou até embaraçosas em cima de palco. Alguma que gostassem de partilhar?

Sim temos o nosso wall of fame no que toca a situações engraçadas, a que me ocorre rapidamente foi no “hellmeirim rock”, estivemos meia música sem saber do microfone pois escorregou para debaixo de um monitor ainda pensei que alguém o tivesse comido HEHE.

Conseguiram também um contrato com a britânica Copro/Casket Records...que tipo de contrato se trata e como tem sido essa relação?

É um contrato de 2 anos com uma distribuição que abrange todo o mundo, até agora tem sido uma relação salutar visto que eles têm feito um bom trabalho que nos satisfaz para já.

Na Kerrang! saiu algo como "One of the few decent extreme metal acts to emerge from Portugal" vocês vêem-se assim? O que acham do nosso País em termos de Metal e se pudessem mudar uma coisinha que fosse, qual seria?

Não nos vemos assim, existem muitas bandas com uma qualidade incrível em Portugal. Como é óbvio sentimo-nos lisonjeados de uma revista deste calibre nos faça esta observação porque valoriza o nosso trabalho, mas não partilhamos a mesma opinião. Mudávamos a mentalidade, existe uma falta de objectivos e de determinação no mundo do metal luso existe sempre aquela máxima do “...se fosse lá fora...” faz falta às vezes algum positivismo e o acreditar que qualquer banda portuguesa é tão válida como uma estrangeira.

Têm dado muitos autógrafos? Como encaram isso? Vocês também os pedem aos artistas que admiram?

Sim alguns, ainda hoje dei um numa operação stop ao Sr. GNR da BT. Encaramos isso como um acto em que nunca equacionamos acontecer é realmente algo que nos motiva existirem pessoas que fazem questão de vir ter connosco para nos pedir autógrafos e dizer o quanto gostam de nós.


A nível vocal têm uma abordagem poderosa e variada que resulta num equilíbrio, que me parece essencial para a dinâmica de todo o álbum. A minha pergunta é, porque é que não têm uma vocalista com mamas grandes? E mais a sério... em futuras composições podemos esperar algo semelhante ao que está em «Deconstructive Essence», ou algum dos registos poderá ter mais protagonismo?

A Voz do Nuno é simplesmente genial e devastadora. Ele é o maestro que comanda toda a dinâmica do álbum foi uma das razões que não apostamos em muito tecnicismo e exploramos uma vertente pesada e marcada musicalmente pois a voz deu a harmonia final. A questão das mamas grandes bem..talvez a Fáfá de Belém se berrar igual . Em futuras composições tudo o que temos explorado tem uma vertente diferente e mais agressiva, mas isso só para o ano.

Vão fazer uma tour pela Europa em 2008. Já sabem por onde vão passar? Essa digressão será em nome próprio ou vão acompanhar alguma banda, quem sabe até um nome de peso na cena internacional?

Ainda não posso adiantar muito acerca disso pois estamos a meio de todos os trâmites e negociações mas a seu tempo será divulgado.

Existe algum sítio onde gostassem de tocar, mais do que em qualquer outro lugar? Se sim, onde e porquê?

Em qualquer sítio onde existam condições logísticas e sonoras com a lotação esgotada é o sítio ideal.

Já que estamos no final de mais um ano, quais os discos que mais destacam neste ano que passou? Algum disco que aguardem com especial curiosidade em 2008?

Eu pessoalmente fiquei surpreendido com o álbum de Oblique Rain acho que está muito bem conseguido e tem muito potencial. O Disco que aguardo com especial curiosidade é o de Meshuggah penso que se chamará Obzen.

Têm alguns patrocínios invejáveis: Sonor,Dean Guitars, e mais alguns. Como surgiram e em que termos funcionam? Já não precisam comprar cordas?

Era Bom. É um apoio de algumas marcas com que tocamos. No meu caso a Dean para mim é the real shit visto que é uma marca que venero desde que comecei a tocar há 15 anos atrás e hoje para mim é muito honroso a marca apoiar os WAKO. O funcionamento tal como em tudo na vida é uma troca de interesses.

O que é o W.A.K.O. Army? Quem o criou e como funciona?

Wako Army inicialmente chamava-se WAKO USA é uma página do Myspace feita por fãs Norte- Americanos dedicada a nós , com o passar do tempo propusemos ao Don a pessoa que fez a página para passar para ARMY porque faria mais sentido abranger todos os países e não exclusivamente fãs dos Estados Unidos. O funcionamento é simples basta adicionarem-se e passarão a fazer parte do WAKO ARMY é uma forma de mostrar apreço pela banda.

Para terminar, e tendo em conta que algum promotor poderá ler esta entrevista, que condições seriam necessárias para vermos os W.A.K.O actuarem no Funchal?

Muito sinceramente, alguma vontade e empenho bastarão certamente. Nós decerto vamos corresponder se tal acontecer.

Conheciam o Metalwood? Conhecem alguma coisa da cena musical Madeirense?

Não conhecia o Metalwood, e da Madeira a única banda que me ocorre e que ainda acompanhei algum tempo foram os Incógnita. Quanto ao panorama geral não sei em que estado se encontra mas espero que de boa saúde.

Obrigado pelo tempo dispensado e tudo de bom para vocês. Deixo este espaço para as habituais despedidas e qualquer coisa que queiram acrescentar.

Nós é que agradecemos o convite e deixamos o nosso apreço à vossa iniciativa.
Long Life to Metal na Madeira!!

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Entrevistado por spiraljoe
Respondido por Filipe Lima (Guitarra)