quarta-feira, 25 de junho de 2008

Entrevista a Headzum


O MetalWood esteve à conversa com Joel - o mentor do projecto “Headzum”. Entre anúncios e revelações, conseguimos desvendar o seu processo de trabalho e quais os conceitos de cada álbum. Este projecto merece sem dúvida todo o nosso apoio, por isso convidamos-vos a descobrirem ou a redescobrirem Headzum.



Olá Joel. Conta-nos para começar quando e porquê surgiu a ideia de criar este projecto?

Olá. Antes de mais gostaria de agradecer as perguntas que me fizeram chegar. Estava a pensar em anunciar algumas coisinhas no meu blogue mas visto que as questões vão muito de encontro àquilo que quero falar, vou optar por anunciar tudo aqui. Quanto à questão: Headzum foi criado em Dezembro de 2006, mais ou menos na altura em que entrei de férias de Natal. Há muito tempo que procurava iniciar algum projecto musical. Tentei a solo e com banda, mas nunca era aquilo que pretendia. Nesta altura conheci a rapariga que é hoje minha namorada, e como Headzum é uma mistura de sentimentos traduzidos em música, decidi que a altura perfeita para me aventurar nesta vida era aquele momento. Desde então não tenho parado: ainda estava a gravar o Maori, e o Anicca já estava a começar. Ia o Anicca a meio e o Harakiri já estava pronto. Acabou o Anicca e ficou o Unicode pronto, ou seja, lancei dois álbuns até à data, mas já tenho outros dois concluídos instrumentalmente. Não posso dizer que seja vício trabalhar na música, porque é algo que faz parte de mim desde bem pequeno. É o que me faz viver e tenho vivido assim, sem parar, desde Dezembro de 2006.



Crias a música sozinho, recorres a algum instrumento propriamente dito ou trabalhas exclusivamente com electrónica?
À excepção dos temas «Zero» e «Myself And God», feitos em conjunto com The9thCell, sou eu quem crio as minhas músicas. A nível de instrumentos costumo recorrer à guitarra eléctrica e aos teclados. O engraçado é que recorro a efeitos de guitarra para dar outro tipo de sonoridade ao que gravo no teclado ou sintetizador. Uma coisa que também gosto de fazer é aumentar ou diminuir excessivamente os tempos ou simplesmente inverter determinado sample e tocá-lo de trás para a frente. A bateria é sempre a primeira coisa a ser feita nas minhas músicas, sendo que por vezes ela mesma é sequenciada por MIDI ou através de samples.



Alguma vez pensaste em juntar uma banda, ou achas que esta forma de trabalho te permite de algum modo ter mais liberdade criativa?
Headzum é um “one-man-project” que conta com vários convidados especiais na voz. Gosto de trabalhar sozinho, mas agora tenho pensado muito seriamente em convidar algumas pessoas para integrar os Headzum como banda. Gostava muito de experimentar trabalhar lado a lado com alguém que tenha as mesmas ambições que eu, e posso dizer que me encontro a tratar disso. Claro que se o fizer, irei impor os limites de sempre. Prefiro dar liberdade criativa aos vocalistas na letra e na forma como cantam os temas, mas há certo tipo de coisas que não gosto que ninguém mexa.



Contas com a participação de diversos convidados (The Skilled Criminal Minds). Como surgem estas participações em “Anicca”? Fala-nos um pouco dos vários artistas que fazem parte deste álbum.
Para a gravação deste álbum contei com algumas presenças, todas elas fantásticas e que sem dúvida não se ficarão por aqui. Headzum acolheu uma vez mais o David (The9thCell / Ashes), já conhecido do meu EP Maori, que uma vez mais provou que dele não posso esperar nada, pois por muito que espere ele vai sempre exceder as minhas expectativas. No «Anicca» fizemos dois temas em conjunto, o «Zero» e o «Myself And God». Conheci-o aquando das gravações do meu EP Maori. Andava à procura de vocalistas e iniciei uma campanha chamada “I Want You To Join HEADZUM”. O David viu o flyer, respondeu e iniciamos de imediato uma coligação forte e única que está aqui para durar. Foi o único vocalista que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente, visto que somos da mesma terra. Já o vi ao vivo com os Ashes e apesar de ao fim de três músicas a actuação ter sido cancelada devido ao mau tempo, posso dizer que o estar ali a vê-lo, com a sua garra e voz única, foi muito especial. Apesar de conhecer o trabalho dos Ashes, estava sempre à espera que a qualquer momento saísse dali uma «Red Rotten Socks» de The9thCell ou a «SexMurderArt» dos Headzum! Coisa que não aconteceu mas que me fez pensar em levar este projecto ao vivo. Para outros dois temas, sendo eles «Vedayita» e «Proud New Life», tive a maravilhosa presença da Rita (Edern / Anderskor). A Rita tem uma voz poderosa. Aliás, qualquer um que cante em Headzum a tem. Isto claro, se não contarmos comigo! O que me espantou na Rita foi termos tido uma educação tão diferente e ao mesmo tempo termos tanto em comum. Outra amizade que tem crescido bastante à conta da música. Foi muito complicado para ela terminar a música «Proud New Life», devido a problemas pessoais. Mas não me deixou ficar mal mesmo quando devia e deu-me uma das maiores provas de amizade que pude testemunhar! Para finalizar, foi preciso o João Santos (também conhecido por Gonny dos Glass City Radio) ter aparecido no Domingo de Páscoa para gravar o tema que andou de vocalista em vocalista por meio ano e nunca ninguém o terminou: «Revolution». Tal como todos, ele próprio teve também direito à liberdade criativa para escrever a letra mediante o tema que eu dei e na forma como haveria de inserir vocais, efeitos e segundas vozes. Aprecio bastante o trabalho dele. Ao contrário de Edern e The9thCell, já o conhecia antes de o ver a trabalhar comigo. Não o convidei antes por achar que não fosse resultar, pois criamos géneros musicais algo diferentes. Mas resultou e muito bem e espero contar com ele numa próxima. Já na arte, e para finalizar porque a resposta começa a ficar extensa, Headzum acolheu Hanna Dianow e Isabel Sanches para as capas dos singles e claro, como não podia deixar de ser, a minha namorada, Cátia Cunha, que partilhou o seu doce talento poético no livro do álbum.



Tendo em conta a diversidade existente, suponho que tenhas algumas influências bem distintas. Consigo por exemplo vislumbrar em “Revolution” alguns toques menos barulhentos de Alec Empire ou dos seus Atari Teenage Riot, ou em “Zero” alguns tiques de M.Manson ou até a referência mais óbvia a White Zombie através da cover da “Blood, Milk and Sky”. Esses nomes dizem-te alguma coisa? Que tipo de som costumas ouvir? Quais são as tuas referências principais?

Inexplicavelmente, sempre que falam comigo sobre influências e mencionam bandas, a verdade é que na maior parte das vezes, e como é aqui o caso, nem as conheço e mesmo que conheça pouco ou nada tem a ver. Quando fiz a «Revolution» e iniciei as conversações com o Gonny para inserir os vocais, ambos falamos num só nome: Rage Against The Machine. E penso que essa seja a principal influência deste tema, quer liricamente, quer instrumentalmente. Não me inspirei em nada Industrial para os sons «Zero» e «Myself And God». Tenho como inspiração bandas como Rammstein, Die Krupps, KMFDM, White Zombie… e não em Nine Inch Nails ou Marilyn Manson, apesar de apreciar bastante o trabalho do Manson. Coisa que já não posso dizer de NIN, apesar de respeitar o projecto. Para além disto, tenho como bandas favoritas os Queen, Nirvana, Soulfly, Pantera, Metallica e Sepultura, o que é estranho se tivermos em conta o tipo de som que pratico, pois seria de esperar algo semelhante a esses nomes que referi e no entanto está muito longe disso.



Em relação à cover de White Zombie... porquê White Zombie?
E porquê a “Blood, Milk and Sky”?
Inicialmente ia homenagear os KMFDM com uma cover, no entanto a coisa não correu muito bem e fiquei-me pelos White Zombie, que são sem dúvida alguma, uma das minhas maiores influências. Gostava de ter conseguido ter feito outros temas, quer dos White, quer do próprio Rob Zombie mas já não houve tempo. A «Blood, Milk and Sky» mexe muito comigo quando a ouço. É daquelas que me faz arrepiar dos pés à cabeça. Juntando-se a isto o facto de os vocais serem simples e falados em vez de cantados, e uma vez que teria que ser eu o vocalista pois já não havia tempo para fazer algo mais elaborado ou falar com alguém, optei por esse tema. Penso que, instrumentalmente, esta faixa se enquadra bem em todo o espírito do Anicca.



Tens planos para transportar Headzum para os palcos?
Sim, tenho. E ainda bem que falam nisso. Apesar de já ter dito anteriormente que iria levar Headzum aos palcos e um tempo depois o ter desmentido, a verdade é que, agora mais do que nunca, estou decidido a planear uma mini-tour e conduzir Headzum a outros cantos. Não pretendo, para já, afastar-me muito da minha localidade, mas estou já a delinear uma possível apresentação e a tratar de arranjar alguns elementos para me acompanharem. Não sei para quando, visto que a vida neste momento está complicada e preenchida. Gostava mesmo muito de apresentar o meu próximo álbum, Unicode, ao vivo, e é nisso que estou a trabalhar.



Este álbum encontra-se disponível para download gratuito. Suponho portanto que tenhas uma boa relação com a Internet e com toda a problemática dos downloads. Qual a tua posição em relação a este tema?
A Internet é sem dúvida alguma, o maior meio de promoção musical para alguém que, enfim, poucos meios tem. Visto que ainda não dou concertos ao vivo, não tenho a possibilidade de ver o meu nome a figurar num cartaz e apelar ao público que me venham conhecer. Não consigo, também, chegar a um número maior de ouvidos e ver o meu nome a ser mencionado nas conversas do dia seguinte. Não tenho editora, e deste modo não consigo, também, ver o meu trabalho ser distribuído pelo país fora. No entanto, não tenho intenção de fazer de Headzum um projecto cujo objectivo é ganhar dinheiro. Com a internet, mesmo gratuitamente, consigo fazer chegar um álbum a todo o Mundo. Contudo, esta tarefa é muito complicada, pois requer muito esforço, tempo e acima de tudo muita paciência, para passar horas e horas a promover um álbum na Web. Se eu vendesse, venderia uma dezena de unidades de álbum para álbum. Com esta “problemática” dos downloads, e deva-se dizer que eu não considero isso um problema, consigo, numa semana, passar dos 100 downloads. Para as bandas mainstream, compreendo que a internet seja um problema. Mas a maior parte do dinheiro que se faz é na estrada, e se querem realmente conseguir vender, que lancem os álbuns com algo apelativo e de diferente. Grande parte das bandas optam agora por lançar um CD com um DVD grátis ou um livro, o que já é bom. Há até aquelas que lançam um livro com o CD de oferta. Deste modo o IVA fica muito mais baixo e já não vai causar tantos problemas à carteira do Português.


Quem são “Os Porcos a Valer”? De que modo está esse projecto relacionado com Headzum, ou vês ambas as coisas como sendo totalmente dissociadas?
“Os Porcos A Valer” são uns desenhos animados, criados por mim e por um grande amigo meu, Tiago Rocha. Ambos somos técnicos de multimédia e temos um gosto especial pela animação e por conteúdo menos próprio. Penso que o nome já explica tudo! São desenhos animados baseados na nossa vida escolar, com algumas situações reais e outras fictícias ou bastante exageradas. Temos audições com a TV e temos vindo a preparar um episódio piloto desde o ano passado para negociar com algumas estações televisivas. Como há muito que pretendo fazer um videoclip animado, decidi pegar nos Porcos A Valer e, juntamente com o Tiago, desenhamos a minha banda, com personagens fictícias. Antes de surgir o vídeo propriamente dito, e se é que vai mesmo surgir, estou a preparar pequenos sketchs onde apresento os Headzum & The Skilled Criminal Minds em desenho.



Preparas um vídeo-clip para o tema “Vedayita”. Porquê a escolha deste tema? Como está sendo realizado? Qual o conceito do mesmo?
O tema “Vedayita” foi escolhido para a realização do vídeo pois é um tema bastante cru a nível instrumental e que possui uma mensagem muito forte liricamente. O vídeo está pronto e vai estrear em breve. Infelizmente não pude contar com a presença física da Rita (Edern), mas lá dei a volta ao guião e até que ficou bonito (eheh). Foi realizado, produzido, editado e filmado por mim, estando eu também a representar as personagens existentes. Tive a ajuda da minha namorada, a Cátia, nas filmagens e nos planos. O Anicca é sobre a minha vida, daí que o vídeo também não poderia deixar de ser. Conta a história de alguém que sonha demais. Alguém que prefere ir deixando a realidade e acaba por ser sugado para um mundo completamente imaginário. Acho que vão perceber melhor quando virem o vídeo.



Planeias divulgá-lo pelos meios de comunicação ou apenas pelos meios cibernéticos habituais?
O vídeo será apenas divulgado na internet, pelo youtube e myspace. Nada de mais.



“Anicca” tem algo a ver com inconstância, certo? Poderá de algum modo essa palavra descrever a variedade de sons e pessoas contida neste trabalho? O que querias transmitir com essa palavra?
De facto, o álbum apresenta uma variedade de sons ao longo da sua extensão. E tal teria que acontecer, uma vez que é sobre a minha vida. O Anicca fala muito dos meus sentimentos, da minha relação com a religião e principalmente da minha educação. Fui educado como alguém que não sou e foi preciso muito esforço da minha parte e de grandes amigos meus para conseguir ir mudando isso. Foi preciso apagar muita coisa da memória e começar a vida de novo mais do que uma vez. Felizmente agora está a ir pelo caminho certo. Muito complicado, mas está.


E Headzum, o que significa?
Até à data Headzum apresenta três significados. O primeiro é uma mistura dos nomes de dois guitarristas: Brian Welch (Head / Korn) e Timothy Lincoln (Zim Zum / Marilyn Manson). O segundo, foi escolhido nas gravações do Maori e significa “Hollow Emotion Art Device / Zombie Urged by Madness”. E finalmente, o terceiro, representa a inicial de cada álbum previsto para Headzum: Harakiri; Endless; Anicca; Delos; Zodiakus; Unicode; Maori.



Sendo este um Blogue feito por pessoas da Região Autónoma da Madeira, costumamos perguntar aos nossos convidados o que conhecem desta ilha, a nível musical ou qualquer outra coisa que aches relevante?
A primeira coisa que me vem à cabeça é o Alberto João Jardim eheh. Não conheço a ilha mas está nos meus planos visitá-la assim que possa. Musicalmente conheço muito pouco. Gosto dos Raiva!!!



Que conselhos dás a quem quiser enveredar por um método de trabalho próximo ao teu? Que tipo de material utilizas, como te organizas?

Não querer lucrar com a música ao início acho que é uma boa dica. Uma coisa que faço é nunca procurar um público-alvo, pois gosto de chegar a toda a gente. Da mesma maneira que não quero que rotulem Headzum, eu próprio não gosto de rotular o público. Uso bastante software para a concepção dos meus temas, e algum hardware. Acho que cada um deve procurar tocar aquilo que sente e não enveredar por um determinado caminho só porque está na moda ou porque pode dar dinheiro. Simplesmente vão experimentando coisas. Não apressem nada. A música para mim é uma paixão e trato-a como tal. Dou-lhe atenção, dispenso tempo para ela, tento não me aborrecer, e claro, gosto de mostrá-la ao Mundo.



Para terminar deixo este espaço para que possas dizer o que te apetecer a quem te apetecer da forma que achares melhor. Obrigado Joel e Rock On!
Muito obrigado pela oportunidade que me deram, muitos parabéns pela iniciativa e continuem a promover o que de bom se faz na nossa grande nação. Quero também dar um beijinho muito especial à minha pequenina! Obrigado por tudo. E é só. Vivam o sonho. Não sonhem a vida.




http://www.myspace.com/headzum


Entrevista por Joe

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Ruby (Witchbreed) on MetalWood


É com muito gosto que finalmente conseguimos uma entrevista com a Ruby, actual vocals de Witchbreed.

Nas suas palavras revela-se o notório desenvolvimento pessoal e musical resultante das suas aventuras pelos territórios lusos.
A Ruby é um excelente exemplo de sucesso insular "lá fora", atrevendo-se a por de parte todo e qualquer criticismo à falta de apoios e limitações regionais e conseguindo alcançar um patamar invejável a muitos projectos nacionais.

Olá Ruby. Começo pelo cliché de pedir que nos apresentes a banda de forma mais ou menos resumida.
Olá Joe, olá a todos no fórum MetalWood! Os Witchbreed são uma banda com 4 rapazes e uma menina, que juntaram-se um a um para praticar um tipo de metal pesado e ao mesmo tempo mainstream, vão fazer em Agosto 2 anos de banda. Neste momento encontram-se a gravar o seu debut álbum que está a ser produzido pelo Waldemar Sorychta e o álbum de nome «Heretic Rapture» estará nas lojas no Outono deste ano.

Os Witchbreed são:

Ruby: Vox
Ares: Baixo
Dikk: Guitarra
Filipe: Guitarra
Hollow: Bateria


Tu mudaste-te da Ilha da Madeira, onde cantavas nos Extreme Attitude, para o território Continental, algum tempo depois apareces com este novo projecto. Como aconteceu tudo isso?
Bem…eu passei a viver em Lisboa, e estava a ressacar muito do palco e dos meus irmãos de Extreme Attitude, certo dia para minha surpresa recebo um e-mail do Ares a perguntar se eu gostaria de fazer uma audição para um projecto que ele estaria a fazer com o Dikk, o engraçado foi que eles pensavam que eu ainda residia na Madeira. Eu na altura não podia cantar porque tinha um aparelho de ortodontia nos dentes e um expansor de maxilar (creppy han?) (risos), e não poderia cantar durante quatro meses, eles esperaram por mim. A primeira coisa que fiz depois de ter retirado o expansor de maxilar foi ligar ao Ares e marcamos a audição. Cheguei ao Medusa Lab e estava o Dikk sentado no seu cadeirão e fizeram-me uma carrada de perguntas, mostraram-me as músicas, e disseram-me para tentar gravar uma parte de uma delas, escusado será dizer que eu estava uma pilha de nervos, de aparelho nos dentes e sem cantar há meses, mas mal abri a boca saiu tudo muito bem, e passados dois dias, eu era oficialmente a vocalista de Witchbreed!


Em termos de adaptação como correu? Tiveste alguma dificuldade em especial? Notas muitas diferenças na maneira de estar na música entre as pessoas da Ilha e as pessoas com quem te foste entretanto cruzando?
A adaptação ao início foi complicada, métodos diferentes de ensaiar e trabalhar. A dificuldade foi mesmo a adaptação ao método de trabalho, mas com o tempo aprendi a gostar e agora não quero outra coisa!

Sim, devo dizer que principalmente no mundo do metal, eu prefiro muito mais os meus queridos Madeirenses, não é que os daqui sejam todos assim, mas na Madeira sempre me tiveram respeito - era a única miúda a fazer metal progressivo. Aqui quando saiu Witchbreed viam-me como mais uma miúda frágil e até chegaram a comentar que não era eu a cantar no álbum; que eu só teria doado a imagem. Enfim. Tudo caiu por terra quando começamos a actuar e viram que a menina afinal era uma Mulher!

E os Madeirenses são muito mais bem-humorados! Em Witchbreed há dois Madeirenses, muita gente não sabe mas o Filipe guitarrista é Madeirense!


Estão neste momento em fase de pré-produção do vosso álbum de estreia. Esse trabalho conta com o conceituado Waldemar Sorychta no cargo de produtor. Como tem corrido até agora, e quando será efectivamente registado esse novo álbum? Como se sentem ao trabalhar com alguém já com a experiencia que tem o Waldemar?
As gravações têm corrido bem, já temos gravadas as linhas de bateria, o álbum irá sair no Outono de 2008, ou seja no máximo em Outubro já cá anda! O Waldemar tem sido um produtor a 100%, foi essencial na pré-produção do álbum, modificou algumas coisas para muito melhor, as nossas músicas ficaram mais directas e fortes. Ele como pessoa é super bem-humorado, basta ir ao youtube e ver os vídeos da pré-produção que lá postamos. O Ares já teria trabalhado com o Waldemar em dois álbuns de Moonspell, daí também acharmos que o Waldemar seria a pessoa indicada para levar a nossa música a outro patamar!


Apostam numa imagem forte e bem cuidada. Fazem-no apenas pelo gozo, ou acham realmente que esse é um aspecto cada vez mais relevante nos dias que correm?
Sim, a nossa imagem é muito cuidada, não, não é por gozo! Eu sou extremamente picuinhas quanto à imagem e eles confiaram em mim para indicar um caminho a seguir. Nos nossos dias é cada vez mais relevante uma banda ter uma imagem forte, sendo vocalista mulher de uma banda de homens, não queria cair na velha foto com os vestidos de renda e a carinha angelical…


Noto por exemplo uma certa inclinação para uma estética relacionada com a Banda Desenhada e até porque não com o Cinema. Foi algo muito pensado? De quem é a autoria das excelentes fotos com que nos têm brindado?
Sim, o conceito das primeiras fotos foi a B.D estilo Marvel, pois foi daí que veio o nome Witchbreed, de um Comic Book da Marvel! Foi algo muito pensado, tivemos reuniões com o Carlos - o fotógrafo - e entre as nossas ideias e as dele conseguimos fazer o que podem ver nas fotos! O Carlos, é um grande e talentoso fotógrafo e amigo da banda, aproveito para dizer que ele será o fotógrafo da sessão fotográfica para o álbum de estreia dos Witchbreed!


Em relação ao trabalho de estreia, planeiam algum tipo de renovação a nível estético, ou poderemos esperar uma continuação do que até agora tem vindo a ser revelado?
Sim, irão presenciar uma Ruby morena, deixando a loura a descansar um pouco, o ambiente será ainda mais «Dark» tendo em conta que o álbum é muito obscuro!


Sentes alguma pressão extra por seres uma mulher que canta numa banda de Heavy Metal? Por exemplo, tens algum receio que o teu talento seja de alguma forma menosprezado pelo facto de seres mulher, ou por outro lado que o oposto suceda, e que obtenhas alguma discriminação positiva? É uma pergunta que provavelmente não deveria ter relevância, mas penso que mesmo nos dias de hoje ainda a tem. Qual a tua opinião?
Sim, eu já presenciei esse medo à frente dos meus olhos. Se tens um meio palmo de cara acham que não sabes cantar, que dás só a imagem. E sim existe muita discriminação porque o lugar das mulheres para os «trues» do metal é a cantar com vozinha de rato e serem todas tímidas e bonitinhas. No final do dia o que interessa é a música, se é boa ou não!


Sei que ouves muitos estilos de música diferentes. Que tipo de vocalistas sentes que mais te influenciaram? E que tipo de bandas gostas mais de ouvir?
Sim, eu ouço de tudo um pouco, se os meus ouvidos gostam eu também gosto! Hum.. Sinceramente terei de dizer a Anouk, sempre a admirei desde os meus tempos de Extreme Attitude. Eu sou uma fanática pelo Metal progressivo, e ultimamente ando viciada em Bathory e no projecto do Ihshan!


Como vocalista, que opinião tens de outras “colegas” em Portugal?
Não tenho! Elas fazem o trabalho delas, eu faço o meu!


Assinaram com uma editora que se dedica exclusivamente a bandas com vocalistas femininas - Ascendance Records, não é assim? O que pensas da enorme vaga de bandas com vocalistas “angelicais” que por aí anda? Identificas-te de alguma forma com essa onda? Em que diferem os WitchBreed de todas essas bandas?
Sim, estamos numa editora onde só assinam se fores mulher a cantar! Eu acho que cada vez mais está degradante, cada vez menos aparecem bandas com boas vocalistas e bons músicos. Eu de forma alguma identifico-me com essas senhoras. Eu não tenho voz angelical, não me comporto como tal, logo abomino tais coisas. Witchbreed é logo diferente pela voz, pela atitude e tendo em conta que tenho músicos com background de black metal, thrash metal e metal progressivo, a música logo soa diferente! Principalmente neste novo álbum onde podem também ouvir previews das músicas nos vídeos da pré-produção com o Waldemar Sorychta!


Como funciona o processo de composição nos WitchBreed? Sei por exemplo que quando entraste na banda cantaste em algumas músicas que já estavam compostas previamente. Até que ponto faz diferença cantar em algo que foi feito sem nenhum vocalista em particular em mente e depois outras composições já feitas contigo na banda?
O Ares ou o Dikk ou o Filipe chegam lá com riffs gravam os riffs e desses riffs saem músicas! Sim quando cheguei a Witchbreed já tinham a demo «Descending Fires» pronta! Foi muito frustrante até porque as músicas foram feitas para uma voz masculina, eles nunca imaginaram que iriam acabar com uma voz feminina. E isso nota-se na minha prestação. As músicas novas estão com muito mais “power” e sinto-me em casa, sempre que estão a compor dou a minha opinião e eles são bons meninos obedecem (risos)!


Fala-nos do WitchBreed fan club, o que é, como surgiu?
O Witchbreed fan club surgiu devido a tantas mensagens que recebemos de fans quase sempre americanos a pedir um fan club! Então certo dia enchi-me de paciência e fiz o fanclub! É sempre gratificante ver que tens gente que te admira e que gosta da tua música!


Qual a vossa relação com os meios á disposição na internet, como o Myspace por exemplo?
Foi a internet que nos trouxe o contracto discográfico, não enviamos nada a editoras nenhumas e passado três horas de o novo Myspace de Witchbreed estar online recebemos duas propostas de editoras e aceitamos a da Ascendance Records. O Myspace hoje em dia é o veículo mais rápido da banda, leva a tua música a todo o mundo, e para nós tem sido uma ferramenta perfeita!


Têm tocado bastante ao vivo. Como tem sido a experiência? Planeiam algo para fora de Portugal? Alguma banda com quem sonhem um dia poder vir a tocar?
Tocar ao vivo tem sido sempre uma bela surpresa! Tem corrido muito bem, as pessoas de outros estilos do metal ficam sempre surpreendidas! Sim planeamos tocar por o mundo fora em 2009!

Tanta banda que sonhamos tocar…Sei que o meu baterista vai realizar o sonho dele de tocar com Opeth… hehehe… e eu vou tocar com Evergrey! Hehe…


Costumo perguntar aos entrevistados pelo Metalwood se conhecem algo da Madeira. Neste caso, vou perguntar de que mais sentes falta aqui da Ilha da Madeira? E quando é que os WitchBreed pegam nas vassouras e viajam até ao Funchal para nos atormentar?
Sinto falta do Mar… sinto falta das noites do Reduto, sinto falta dos meus amigos..

Nós voaremos quando houver um convite de alguma entidade regional!


Ok, muito obrigado Ruby, tudo de bom para ti e para os WitchBreed, e parabéns pelo percurso até agora. Ficamos todos certamente a aguardar esse álbum. As últimas palavras são tuas, solta a bruxa que há em ti… hehe..
Meus amigos, muito obrigado pela oportunidade de dar a conhecer um pouco mais de Witchbreed aos meus conterrâneos! E vemo-nos em Agosto algures no bar do metal do Funchal! Hehehe


"Darken all Light... Seduce all Darkness"

Videos da pré-produção :
http://youtube.com/watch?v=yi1GM0FdLv4

http://youtube.com/watch?v=3h4GMj-Z934

http://youtube.com/watch?v=mwWO2PQS1lo


entrevista por Joe