segunda-feira, 2 de junho de 2008

Ruby (Witchbreed) on MetalWood


É com muito gosto que finalmente conseguimos uma entrevista com a Ruby, actual vocals de Witchbreed.

Nas suas palavras revela-se o notório desenvolvimento pessoal e musical resultante das suas aventuras pelos territórios lusos.
A Ruby é um excelente exemplo de sucesso insular "lá fora", atrevendo-se a por de parte todo e qualquer criticismo à falta de apoios e limitações regionais e conseguindo alcançar um patamar invejável a muitos projectos nacionais.

Olá Ruby. Começo pelo cliché de pedir que nos apresentes a banda de forma mais ou menos resumida.
Olá Joe, olá a todos no fórum MetalWood! Os Witchbreed são uma banda com 4 rapazes e uma menina, que juntaram-se um a um para praticar um tipo de metal pesado e ao mesmo tempo mainstream, vão fazer em Agosto 2 anos de banda. Neste momento encontram-se a gravar o seu debut álbum que está a ser produzido pelo Waldemar Sorychta e o álbum de nome «Heretic Rapture» estará nas lojas no Outono deste ano.

Os Witchbreed são:

Ruby: Vox
Ares: Baixo
Dikk: Guitarra
Filipe: Guitarra
Hollow: Bateria


Tu mudaste-te da Ilha da Madeira, onde cantavas nos Extreme Attitude, para o território Continental, algum tempo depois apareces com este novo projecto. Como aconteceu tudo isso?
Bem…eu passei a viver em Lisboa, e estava a ressacar muito do palco e dos meus irmãos de Extreme Attitude, certo dia para minha surpresa recebo um e-mail do Ares a perguntar se eu gostaria de fazer uma audição para um projecto que ele estaria a fazer com o Dikk, o engraçado foi que eles pensavam que eu ainda residia na Madeira. Eu na altura não podia cantar porque tinha um aparelho de ortodontia nos dentes e um expansor de maxilar (creppy han?) (risos), e não poderia cantar durante quatro meses, eles esperaram por mim. A primeira coisa que fiz depois de ter retirado o expansor de maxilar foi ligar ao Ares e marcamos a audição. Cheguei ao Medusa Lab e estava o Dikk sentado no seu cadeirão e fizeram-me uma carrada de perguntas, mostraram-me as músicas, e disseram-me para tentar gravar uma parte de uma delas, escusado será dizer que eu estava uma pilha de nervos, de aparelho nos dentes e sem cantar há meses, mas mal abri a boca saiu tudo muito bem, e passados dois dias, eu era oficialmente a vocalista de Witchbreed!


Em termos de adaptação como correu? Tiveste alguma dificuldade em especial? Notas muitas diferenças na maneira de estar na música entre as pessoas da Ilha e as pessoas com quem te foste entretanto cruzando?
A adaptação ao início foi complicada, métodos diferentes de ensaiar e trabalhar. A dificuldade foi mesmo a adaptação ao método de trabalho, mas com o tempo aprendi a gostar e agora não quero outra coisa!

Sim, devo dizer que principalmente no mundo do metal, eu prefiro muito mais os meus queridos Madeirenses, não é que os daqui sejam todos assim, mas na Madeira sempre me tiveram respeito - era a única miúda a fazer metal progressivo. Aqui quando saiu Witchbreed viam-me como mais uma miúda frágil e até chegaram a comentar que não era eu a cantar no álbum; que eu só teria doado a imagem. Enfim. Tudo caiu por terra quando começamos a actuar e viram que a menina afinal era uma Mulher!

E os Madeirenses são muito mais bem-humorados! Em Witchbreed há dois Madeirenses, muita gente não sabe mas o Filipe guitarrista é Madeirense!


Estão neste momento em fase de pré-produção do vosso álbum de estreia. Esse trabalho conta com o conceituado Waldemar Sorychta no cargo de produtor. Como tem corrido até agora, e quando será efectivamente registado esse novo álbum? Como se sentem ao trabalhar com alguém já com a experiencia que tem o Waldemar?
As gravações têm corrido bem, já temos gravadas as linhas de bateria, o álbum irá sair no Outono de 2008, ou seja no máximo em Outubro já cá anda! O Waldemar tem sido um produtor a 100%, foi essencial na pré-produção do álbum, modificou algumas coisas para muito melhor, as nossas músicas ficaram mais directas e fortes. Ele como pessoa é super bem-humorado, basta ir ao youtube e ver os vídeos da pré-produção que lá postamos. O Ares já teria trabalhado com o Waldemar em dois álbuns de Moonspell, daí também acharmos que o Waldemar seria a pessoa indicada para levar a nossa música a outro patamar!


Apostam numa imagem forte e bem cuidada. Fazem-no apenas pelo gozo, ou acham realmente que esse é um aspecto cada vez mais relevante nos dias que correm?
Sim, a nossa imagem é muito cuidada, não, não é por gozo! Eu sou extremamente picuinhas quanto à imagem e eles confiaram em mim para indicar um caminho a seguir. Nos nossos dias é cada vez mais relevante uma banda ter uma imagem forte, sendo vocalista mulher de uma banda de homens, não queria cair na velha foto com os vestidos de renda e a carinha angelical…


Noto por exemplo uma certa inclinação para uma estética relacionada com a Banda Desenhada e até porque não com o Cinema. Foi algo muito pensado? De quem é a autoria das excelentes fotos com que nos têm brindado?
Sim, o conceito das primeiras fotos foi a B.D estilo Marvel, pois foi daí que veio o nome Witchbreed, de um Comic Book da Marvel! Foi algo muito pensado, tivemos reuniões com o Carlos - o fotógrafo - e entre as nossas ideias e as dele conseguimos fazer o que podem ver nas fotos! O Carlos, é um grande e talentoso fotógrafo e amigo da banda, aproveito para dizer que ele será o fotógrafo da sessão fotográfica para o álbum de estreia dos Witchbreed!


Em relação ao trabalho de estreia, planeiam algum tipo de renovação a nível estético, ou poderemos esperar uma continuação do que até agora tem vindo a ser revelado?
Sim, irão presenciar uma Ruby morena, deixando a loura a descansar um pouco, o ambiente será ainda mais «Dark» tendo em conta que o álbum é muito obscuro!


Sentes alguma pressão extra por seres uma mulher que canta numa banda de Heavy Metal? Por exemplo, tens algum receio que o teu talento seja de alguma forma menosprezado pelo facto de seres mulher, ou por outro lado que o oposto suceda, e que obtenhas alguma discriminação positiva? É uma pergunta que provavelmente não deveria ter relevância, mas penso que mesmo nos dias de hoje ainda a tem. Qual a tua opinião?
Sim, eu já presenciei esse medo à frente dos meus olhos. Se tens um meio palmo de cara acham que não sabes cantar, que dás só a imagem. E sim existe muita discriminação porque o lugar das mulheres para os «trues» do metal é a cantar com vozinha de rato e serem todas tímidas e bonitinhas. No final do dia o que interessa é a música, se é boa ou não!


Sei que ouves muitos estilos de música diferentes. Que tipo de vocalistas sentes que mais te influenciaram? E que tipo de bandas gostas mais de ouvir?
Sim, eu ouço de tudo um pouco, se os meus ouvidos gostam eu também gosto! Hum.. Sinceramente terei de dizer a Anouk, sempre a admirei desde os meus tempos de Extreme Attitude. Eu sou uma fanática pelo Metal progressivo, e ultimamente ando viciada em Bathory e no projecto do Ihshan!


Como vocalista, que opinião tens de outras “colegas” em Portugal?
Não tenho! Elas fazem o trabalho delas, eu faço o meu!


Assinaram com uma editora que se dedica exclusivamente a bandas com vocalistas femininas - Ascendance Records, não é assim? O que pensas da enorme vaga de bandas com vocalistas “angelicais” que por aí anda? Identificas-te de alguma forma com essa onda? Em que diferem os WitchBreed de todas essas bandas?
Sim, estamos numa editora onde só assinam se fores mulher a cantar! Eu acho que cada vez mais está degradante, cada vez menos aparecem bandas com boas vocalistas e bons músicos. Eu de forma alguma identifico-me com essas senhoras. Eu não tenho voz angelical, não me comporto como tal, logo abomino tais coisas. Witchbreed é logo diferente pela voz, pela atitude e tendo em conta que tenho músicos com background de black metal, thrash metal e metal progressivo, a música logo soa diferente! Principalmente neste novo álbum onde podem também ouvir previews das músicas nos vídeos da pré-produção com o Waldemar Sorychta!


Como funciona o processo de composição nos WitchBreed? Sei por exemplo que quando entraste na banda cantaste em algumas músicas que já estavam compostas previamente. Até que ponto faz diferença cantar em algo que foi feito sem nenhum vocalista em particular em mente e depois outras composições já feitas contigo na banda?
O Ares ou o Dikk ou o Filipe chegam lá com riffs gravam os riffs e desses riffs saem músicas! Sim quando cheguei a Witchbreed já tinham a demo «Descending Fires» pronta! Foi muito frustrante até porque as músicas foram feitas para uma voz masculina, eles nunca imaginaram que iriam acabar com uma voz feminina. E isso nota-se na minha prestação. As músicas novas estão com muito mais “power” e sinto-me em casa, sempre que estão a compor dou a minha opinião e eles são bons meninos obedecem (risos)!


Fala-nos do WitchBreed fan club, o que é, como surgiu?
O Witchbreed fan club surgiu devido a tantas mensagens que recebemos de fans quase sempre americanos a pedir um fan club! Então certo dia enchi-me de paciência e fiz o fanclub! É sempre gratificante ver que tens gente que te admira e que gosta da tua música!


Qual a vossa relação com os meios á disposição na internet, como o Myspace por exemplo?
Foi a internet que nos trouxe o contracto discográfico, não enviamos nada a editoras nenhumas e passado três horas de o novo Myspace de Witchbreed estar online recebemos duas propostas de editoras e aceitamos a da Ascendance Records. O Myspace hoje em dia é o veículo mais rápido da banda, leva a tua música a todo o mundo, e para nós tem sido uma ferramenta perfeita!


Têm tocado bastante ao vivo. Como tem sido a experiência? Planeiam algo para fora de Portugal? Alguma banda com quem sonhem um dia poder vir a tocar?
Tocar ao vivo tem sido sempre uma bela surpresa! Tem corrido muito bem, as pessoas de outros estilos do metal ficam sempre surpreendidas! Sim planeamos tocar por o mundo fora em 2009!

Tanta banda que sonhamos tocar…Sei que o meu baterista vai realizar o sonho dele de tocar com Opeth… hehehe… e eu vou tocar com Evergrey! Hehe…


Costumo perguntar aos entrevistados pelo Metalwood se conhecem algo da Madeira. Neste caso, vou perguntar de que mais sentes falta aqui da Ilha da Madeira? E quando é que os WitchBreed pegam nas vassouras e viajam até ao Funchal para nos atormentar?
Sinto falta do Mar… sinto falta das noites do Reduto, sinto falta dos meus amigos..

Nós voaremos quando houver um convite de alguma entidade regional!


Ok, muito obrigado Ruby, tudo de bom para ti e para os WitchBreed, e parabéns pelo percurso até agora. Ficamos todos certamente a aguardar esse álbum. As últimas palavras são tuas, solta a bruxa que há em ti… hehe..
Meus amigos, muito obrigado pela oportunidade de dar a conhecer um pouco mais de Witchbreed aos meus conterrâneos! E vemo-nos em Agosto algures no bar do metal do Funchal! Hehehe


"Darken all Light... Seduce all Darkness"

Videos da pré-produção :
http://youtube.com/watch?v=yi1GM0FdLv4

http://youtube.com/watch?v=3h4GMj-Z934

http://youtube.com/watch?v=mwWO2PQS1lo


entrevista por Joe

1 comentário:

Mortisa disse...

Ruby, muito obrigado pela entrevista e por teres aturado o Joe...lol